Porto Alegre,
Julho de 2013
Centro de
Estudantes de Letras/ UFRGS
Nosso país tem vivido
momentos que pegaram a todos de surpresa. A repentina onda de mobilizações que
remexeram o Brasil de norte a sul mostra-nos a grande força que as ruas têm e o
quanto a organização da juventude e dos trabalhadores possui energia para dar
pulso à veia política dos explorados e oprimidos, que haviam se esquecido do
poderio de suas vozes. O Centro de Estudantes de Letras pretende, por meio desta
nota, manifestar seu apoio a essa grande ruptura com o silêncio que se
configura desde o início do ano, em especial em Porto Alegre.
Na nossa cidade, a luta
pelo preço justo da passagem do transporte coletivo não é novidade. Acompanhamos
a trajetória do Bloco de Luta pelo Transporte Público que vinha mobilizando a
população e incomodando muitos empresários e políticos desde o início do ano.
Uma importante conquista do Bloco foi manter afastado o violento aumento que
todo ano se concretiza nas passagens de ônibus. Mas a luta não acaba com essa
conquista e, no momento em que o grito pelo passe livre ganha o Brasil, o CEL
se coloca como apoiador do Bloco de Luta e suas reivindicações.
Dessa forma, damos
ênfase para a luta pelo passe livre sem redução de impostos para os empresários
e por um transporte público de qualidade. Relacionamos a essa reivindicação, a
situação problemática do desembarque de passageiros no Campus do Vale, que é
realizado em lugar impróprio, fazendo com que usuários tenham que passar pelo
estacionamento dos ônibus para efetivamente entrar no campus. No mês de Maio
houve um caso de atropelamento por um ônibus nesse mesmo estacionamento com uma
vítima fatal, no entanto, nada mudou.
Ao apoiarmos a tomada
das ruas pelos gritos e passos dos manifestantes, repudiamos a ação desmedida
da Brigada Militar e da Polícia Civil. Pôde ser observado em diversos momentos
as marchas ocorrendo sem conflitos e, ao chegarem próximo a prédios que
representam o poder na cidade e no Estado (Zero Hora, Palácio Piratini, Prefeitura),
ser dispersada com bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo em quantidades
exorbitantes e haver relatos de espancamentos e abusos policiais. Isso não deve
ser admitido! Protestar não é crime, e isso inclui diversas formas de protesto.
No entanto, não é com a fumaça tóxica, tampouco com escudos, cavalaria e balas
de borracha que vão nos calar.
Este é o momento de nos
organizarmos e de não deixarmos que grande mídia, aparato alienante, polícia, aparato repressivo do Estado nos desanimem.
Tampouco devemos deixar que grupos tentem levar as manifestações para um
conservadorismo que continuará beneficiando uns poucos poderosos.
O Centro de Estudantes
de Letras como entidade representativa dos alunos coloca-se na luta ao lado desses
e do Bloco e está à disposição para
debates e conversas sobre o assunto.